A entrega postal nos Países Baixos está sob pressão e parece que não se está a travar a erosão dos serviços.
PostNL, que já foi o orgulhoso provedor postal nacional, anunciou que a partir de 2025 o correio comercial não terá mais garantia de entrega em 24 horas. Segundo a empresa, esta decisão é necessária para manter gerenciáveis os custos de entrega de correspondência, mas coloca séria pressão na confiabilidade do serviço. A empresa também quer entregar outros tipos de correspondência posteriormente, mas isso exigirá uma mudança na lei. PostNL já havia recorrido ao governo em busca de apoio financeiro para manter o correio acessível e agora está fazendo isso novamente.
O que é especialmente incompreensível é que a PostNL conduz veículos pelas mesmas ruas várias vezes ao dia para entregar encomendas, enquanto a mesma empresa parece ser incapaz de entregar cartas e documentos legais de acordo com a lei. Parece ser uma tendência: o serviço está a diminuir visivelmente, mas pouco está a ser feito para contrariar esta situação. Tanto os cidadãos como os escritórios de advocacia ficam perdidos enquanto o governo observa.
correio registado
Annemarie Posset, advogada do Uilenburg Advocaten, recentemente deu o alarme através das redes sociais. Ela disse que tinha vindo buscar uma remessa registrada em seu ponto de entrega regular, mas para sua surpresa havia uma pilha enorme de correspondência registrada na frente de seu escritório. “Nenhuma nota em nossa caixa de correio e nada visível no aplicativo. Trabalhamos dentro dos prazos legais e devemos contar 100% com os serviços do PostNL. No entanto, isto é seriamente falho. Há mais pessoas passando por isso?” Posset não é o único que enfrenta esse tipo de problema.
Um exemplo comovente é o correio funerário que foi simplesmente entregue tarde demais. A notificação de óbito foi deixada em um posto postal e não chegou a tempo à família. Este tipo de envios postais, que se espera que sejam tratados com a maior prioridade, são deixados num ponto postal sem que os destinatários se apercebam disso.
oficial de justiça
A situação tornou-se tão grave que muitas empresas já não dependem do PostNL para correspondências importantes. Os documentos legais são cada vez mais entregues através de oficiais de justiça, porque o valor legal do correio registado já não pode ser garantido. Muitos escritórios de advocacia relatam que a correspondência registrada normalmente não chega ou que nenhuma notificação é feita sobre uma remessa em um ponto de coleta. “Como resultado, paguei as custas judiciais demasiado tarde num dos meus casos”, relata um advogado. “Já apresentei duas reclamações formais ao PostNL, mas não houve resposta.”
Essas práticas ilícitas mostram que a PostNL está se afastando ainda mais dos valores fundamentais que a empresa já teve: confiabilidade e segurança na entrega postal. É altura de impor requisitos mais rigorosos sobre a forma como o correio registado é tratado, porque se até os documentos legais forem tratados desta forma, o valor legal do correio registado torna-se praticamente inexistente.
O que torna tudo ainda pior é que os próprios entregadores às vezes assinam o recebimento e deixam a correspondência com um vizinho, sem informar o destinatário. O valor jurídico de um documento registado foi, portanto, completamente erodido. A confiança na fiabilidade do PostNL desapareceu, e é claro que o comprovativo de envio já não é equivalente ao comprovativo de receção.
sem incidentes
O problema é que o consumidor, seja pessoa física ou jurídica, fica de fora. O serviço do PostNL vem se deteriorando há anos, mas parece não haver fim para os abusos. A empresa continua a afirmar que se trata de incidentes, mas a realidade é que se tornou um problema estrutural. Envios postais que desaparecem, cartas registadas que não são entregues e até correio legal que demora semanas a chegar ou simplesmente nunca chega – isto já não é exceção.
Não é, portanto, surpreendente que muitos se perguntem se não é altura de tomar medidas rigorosas. Talvez tenha chegado a hora de mandar toda a administração do PostNL para casa e reorganizar a empresa de cima a baixo. Porque apesar da privatização dos serviços postais, onde as forças do mercado deveriam garantir serviços melhores e mais eficientes, trata-se agora apenas de lucro. A qualidade da entrega postal é cada vez mais negligenciada.
margens de lucro
O cerne do problema não está nos funcionários da PostNL, que sem dúvida fazem o seu trabalho com paixão, mas na forma como a empresa é gerida. O foco agora está inteiramente na redução de custos e nas margens de lucro, em detrimento da confiabilidade do serviço. O valor legal do correio registado desapareceu na prática, o que está a gerar uma onda de reclamações e frustrações entre consumidores e empresas.
Ajustar a legislação para acomodar o PostNL seria um grande erro. Pelo contrário, a empresa postal deve cumprir rigorosamente as regras estabelecidas na Lei Postal de 2009. Esta lei existe por uma razão: garante que os cidadãos e as empresas nos Países Baixos possam contar com uma entrega de correio fiável e atempada. A PostNL tem o dever legal de fornecer esse serviço, e a contínua redução desse serviço em prol da poupança de custos não só é inaceitável, mas também uma violação direta dessas obrigações.
É hora de o governo intervir, porque a entrega postal já foi uma tarefa governamental de grande importância social. O sigilo das cartas, a certeza de que documentos importantes serão entregues no prazo e com segurança – são direito isso não deve ser perdido na busca pelo lucro. PostNL mostra repetidamente que não pode assumir a responsabilidade e que é hora de mudar.
Lei Postal de 2009
PostNL foi nomeado pelo governo central para fornecer um pacote básico de serviços postais. Esta responsabilidade está prevista no Lei Postal de 2009, que impõe requisitos específicos aos serviços da empresa postal. Esta lei estipula, entre outras coisas, que devem existir caixas de correio públicas e pontos de atendimento postal suficientes em todo o país. Além disso, o PostNL é obrigado a esvaziar as caixas de correio e entregar correspondência cinco dias por semana. Para posto funerário e posto médico existe ainda a obrigatoriedade de seis dias por semana. Além disso, a exigência é que pelo menos 95% das cartas sejam entregues no dia seguinte, o que deverá garantir a entrega atempada dos envios postais.