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Teremos em breve que fazer fila na estação de carregamento rápido durante o êxodo para o sul?

A implantação de infraestruturas de carregamento para veículos elétricos (VE) revela um contraste marcante no Benelux e na Europa, com a Valónia a destacar-se como uma região com uma grave escassez, muitas vezes referida como um “deserto de estações de carregamento”. Este fenómeno não só expõe os desafios associados ao aumento da mobilidade eléctrica, mas também as desigualdades geográficas que caracterizam a face dos transportes sustentáveis ​​na Europa.

A disponibilidade de pontos de carregamento desempenha um papel crucial na transição para transportes sustentáveis. Um inventário recente mostra que a Flandres e os Países Baixos lideram com 12.076 e um número impressionante de pontos de carregamento, respetivamente, enquanto a Valónia fica atrás com apenas 2.148 estações de carregamento. Esta desigualdade ganha destaque quando se faz um balanço do número de veículos totalmente elétricos: 138.749 na Flandres, em comparação com 17.299 na Valónia.

As causas desta discrepância são multifacetadas. A natureza menos urbanizada da Valónia e a maior prevalência de estacionamento privado oferecem aos residentes a oportunidade de carregar em casa, reduzindo a procura de pontos de carregamento públicos. No entanto, isso por si só não explica a diferença significativa. O menor número de veículos comerciais, que muitas vezes são eléctricos, também desempenha um papel, assim como os obstáculos burocráticos e regulamentares que complicam a implantação de novas estações de carregamento.

A Flandres registou progressos significativos nos últimos anos através de um extenso programa de subsídios que incentiva a instalação de pontos de carregamento, resultando num crescimento acelerado do número de estações de carregamento. Esta abordagem contrasta com a Valónia, onde o desenvolvimento é mais lento, em parte devido a procedimentos de autorização mais rigorosos e políticas menos claras.

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Foto: © Pitane Blue - Kruibeke

A Valónia, a região sul da Bélgica, distingue-se pelo seu carácter menos urbanizado e por uma maior prevalência de estacionamento privado. Estas duas características desempenham um papel crucial na adoção de veículos elétricos (VE) na região, pois proporcionam aos residentes a opção de carregamento doméstico. Esta situação levou a uma redução da procura de pontos de carregamento públicos, o que afeta a implantação da infraestrutura de carregamento e a política de mobilidade na Valónia.

As consequências deste “deserto de estações de carregamento” vão além dos residentes locais. Afecta também o turismo, um sector muito sensível na Valónia, com as suas populares Ardenas. Há preocupações de que a falta de infraestrutura de carregamento possa dissuadir potenciais visitantes que dependem da mobilidade elétrica.

A situação na Valónia não é isolada. Em toda a Europa, existem regiões onde o desenvolvimento de infraestruturas de carregamento não acompanha o crescimento da mobilidade elétrica, especialmente no Sudeste da Europa. Isto contrasta fortemente com os Países Baixos, que se estão a posicionar como líder nesta área, apesar dos desafios recentes, como o congestionamento da rede e os atrasos burocráticos que complicam a expansão da rede de carregamento.

Estes obstáculos geográficos e burocráticos sublinham a complexidade da transição para a mobilidade eléctrica. Embora algumas regiões estejam a fazer progressos rápidos, outras estão a ficar para trás, destacando a importância de uma abordagem coordenada e de regulamentações flexíveis para acelerar o desenvolvimento da infraestrutura de carregamento necessária.

Num futuro próximo, é provável que a lacuna nas infraestruturas de carregamento diminua, mas isso exigirá compromisso e inovação por parte dos governos locais, dos operadores de rede e do setor privado. É uma questão de oferta e procura, sendo a necessidade de uma infraestrutura de carregamento sustentável e acessível fundamental para a evolução rumo a um futuro mais verde.

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